quinta-feira, 9 de agosto de 2012

TIC TAC TIC

Estou aqui sentada, olho para ele e ouço o seu som inconfundível, aquele tic tac constante, e umas grandes badaladas a cada 15 minutos, anunciando que passaram  mais uns minutos da minha vida, mas ao ouvi-lo, volto lá atrás no tempo e lembro como se fosse hoje o dia em que foi comprado.

Veio substituir um relógio já antigo, que tinha acompanhado a infância da minha mãe e a minha. O Relógio da avó Rosalina, que durante tantos  anos se fez ouvir com as suas  badaladas muito próprias as quais  produziam uma musica que a nossa memória guardava, e que, consciente ou inconscientemente, a produzíamos no nosso pensamento. Fez-nos companhia, orientava o nosso dia a dia, e era um dos objetos mais importantes daquela casa. Subir a uma cadeira, pegar na chave e dar a corda, eram gestos comuns e agradáveis para qualquer um lá em casa. Estar sem ouvir o tic tac é que não podia ser. Mas,  um dia, saiu das nossas vidas e ficou-nos a faltar este nosso “amigo”. Amigo, sim, porque era assim que o considerávamos. E assim, depois de algum tempo, sempre  sentido a falta do nosso antigo relógio, arranjamos uma solução... compramos outro.

Colocado no mesmo sitio e embora com um desenho mais moderno, um toque ligeiramente diferente, dava para  nos consolar mas, não era a mesma coisa. O relógio da avó Rosalina era o relógio da avó Rosalina .
Hoje aqui estou com o substituto, que me foi deixado pelos meus pais, já velhinho. Passaram muitas horas, muitos minutos , muitos segundos. Andou ai pelos cantos, esperando ser pendurado e para fazer ouvir o seu tic tac e os seus dlins dlãos….Ao ouvi-lo hoje, relembro mais uma vez as pessoas que mais admiro e que me deram o seu tempo , horas e minutos para que a minha vida valesse a pena.
Agora que já dei "corda"  às minhas recordações, voltarei dentro de algumas horas, vou ali comprar um vidro para colocar no meu relógio….

1 comentário:

  1. Acho que devias escrever um livro... a sério. Um livro que podia começar como "brincadeira" e depois via-se o que dava. Escreves maravilhosamente bem Lina, muitos parabéns!

    ResponderEliminar

Páginas