sexta-feira, 1 de junho de 2012

O tempo voa mas a criança continua!

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“A minha Linita”, era sempre esta a forma carinhosa e embevecida com que fui tratada pelos meus pais.
A sua ternura e amor foram-se revelando ao longo do meu crescimento....
Já não me lembro dos meus primeiros anos de vida, como é natural, valem-me as memórias das boas conversas e histórias contadas pelos meus pais, avós e primas mais velhas.
Diziam que era uma bebé muito tranquila, bem-disposta, sempre  sorridente....

Sempre rodeada por muita gente, atenção era o que não me faltava e a minha vida decorria como a vida de qualquer criança que cresce em liberdade e amor.
Ao entardecer, depois de o meu pai sair do trabalho, registava-se uma das coisas que mais gostava de fazer.
O meu pai chegava, começava por lanchar e repartir o seu lanche comigo. E como eu gostava do pão com a “xixa” (linguiça). Depois, lá ia dar uma voltinha à rua comigo. Sempre muito bem “arranjadinha” levava-me pela mão, com muito orgulho e a minha mãe ficava à porta vendo-nos ir rua acima, até desaparecermos. Eram passeios curtos, mas que me agradavam grandemente até porque havia sempre o pirolito (chupas de açúcar caramelizado feitos caseiramente), ou outro docinho qualquer.
E o tempo passava sem pressas e eu ia aprendendo, crescendo, brincando e como era bom brincar no quintal da minha casa.
Brinquedos não havia, nem dinheiro para os comprar, mas a imaginação não faltava. A terra para fazer de açúcar ou farinha, as pedras que faziam de bolos, de carne, pesos ou até mesmo dinheiro. As tábuas que davam uma boa balança. Os paus, esses serviam de colheres, canetas ou até onde a imaginação levasse. As flores davam bonitos brincos ou até mesmo as suas pétalas serviam para imitar as unhas pintadas, enfim… tudo servia para armar a minha loja e brincar toda uma tarde no mundo da imaginação.
E as malandrices, que foram segredos durante tantos anos...mas que hoje trazem aquele sorriso maroto aos nossos lábios. E aquele  triciclo (do primo Zé Rosa) que chiava por todos os lados, mas que era um prazer imenso pedalar, sentir  o vento bater na cara e voar no mundo da imaginação...que privilégio foi  ser criança nos anos 60. Que alegria poder ir brincar para a rua sem nos preocuparmos com os carros ou os "predadores", ser livre, viver a vida com calma, apreciar cada momento....
Os poucos filmes que via na televisão reportava-os para o meu espaço de brincadeira, onde eu, com as crianças da minha rua, livremente nos tornávamos os actores principais de uma longa metragem que ainda hoje continua viva na minha memória.
Que Criança feliz  eu fui e que nem com a passagem do tempo a matei. Faço-a renascer a cada dia,  tirando partido das coisas lindas que Deus põe à minha disposição, brincando, rindo do trivial, de mim e dos outros... E é esta criança que há dentro de nós, que tem que sair, sair e  alegrar este  mundo que ficou tão adulto que até dá dó....
É tão bom ser criança!


Obrigada pais por me terem concedido uma infância tão feliz!

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